Meus momentos...
sábado, 5 de julho de 2008
A TRISTEZA
No segundo sábado do primeiro mês de inverno, meu amigo Yuri Wlastov veio me visitar.
à mesa, ao bailar da luz do candelabro, em uma pausa, lhe questionei:
- Meu caro camarada Wlastov. O que é para você a tristeza?
ao que me respondeu:
- A tristeza, camarada, é a ferida na alma que canta.
é a solidão da tundra de nossa gélida sibéria.
é o adeus do sol no último dia de verão.
é o um navio a se perder na curva do horizonte do mar.
é a queda da casa de Usher.
é a o cair do cadafalso.
é o apagar-se do nome no epitáfio.
Pedaços de mim no chão
No espaço onde eu habitava não me encontro mais. no mesmo lugar está um velho par de sapatos; roupas num canto, outras na parede penduradas. na solidão conversam entre si em diálogos silenciosos; perguntam por mim. Mas não estou. há tempos não me vêm, há tempos não saem; há tempos não me vestem; há tempos não me calçam os pés. E não sabem onde estou. É que sou feito do mesmo tecido que são feito os sonhos, e como não mais tenho sonhos, tampouco tenho vida; tampouco existo. mas o que ainda há, são vestígios de mim. Entre a poeira e o mofo, o silêncio e a solidão, pedaços de mim no chão.
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